1.
Os períodos gerais do desenvolvimento cognitivo/mental;
Para Piaget são quatro períodos gerais de desenvolvimento
cognitivo/mental:
·
o sensório-motor
(0 a 2 anos), a referência é o próprio corpo da criança, transcorrendo num
egocentrismo total; deste estágio, peculiar do recém-nascido, a criança evolui
cognitivamente, sobrevindo por outros estágios, no fim do período
sensório-motor, começa a descentralizar as ações em relação ao próprio corpo e
a considerá-lo como um objeto entre os demais. Já é capaz de lidar com
deslocamentos invisíveis de objetos externos, ou seja os objetos passam a ter
uma realidade cognitiva além da realidade física.
·
o pré-operacional
(2 a 6/7 anos) A criança continua em uma perspectiva egocêntrica, pois nota somente
a realidade que a afeta. Já exibe explicações como resultado de suas
experiências, que podem ou não serem coerentes com a realidade. Através da
linguagem, dos símbolos e imagens mentais, começa uma nova etapa do
desenvolvimento mental da criança, na qual o pensamento começa a se organizar,
embora ainda não seja reversível, ou seja não é capaz de percorrer o caminho
cognitivo.
·
o operacional-concreto (7/8 anos até 11/12 anos) Observa-se uma descentração progressiva em
relação à perspectiva. O pensamento é mais organizado e possui características
lógicas e de reversibilidade. Ela ainda recorre a objetos concretos, ou seja,
ainda é incapaz de operar com hipóteses. Para simular o ausente elas partem do
concreto.
·
o operacional-formal
(11/12 até a fase adulta) Neste período a criança
é capaz de raciocinar com hipóteses verbais
e não somente com objetos concretos. Ocorre agora uma manipulação das
proposições. O ponto de partida pode ser uma operação concreta mas eles
conseguem transcender este estágio. O real passa a ser subordinado ao possível.
2.
Os conceitos de assimilação, acomodação e equilibração;
·
Assimilação: É o processo cognitivo de depositar (classificar) novos eventos em
diagramas existentes. É a inclusão de elementos do meio externo (objeto,
acontecimento) a um esquema ou estrutura do sujeito. Em outras palavras, é o
processo pelo qual o indivíduo cognitivamente capta o ambiente e o organiza
possibilitando, assim, a ampliação de seus esquemas. Na assimilação o indivíduo
usa as estruturas que já possui.
·
Acomodação: É a mutação de um diagrama ou de uma
estrutura em função das peculiaridades do objeto a ser assimilado. A acomodação
pode ocorrer de duas formas, ou seja pode ser feita alternativamente: Ao Inventar
um novo esquema no qual se possa encaixar o novo estímulo, ou Transformar
um já existente de modo que o estímulo possa ser incluído nele. Após acomodar,
a criança tenta novamente adequar o estímulo no esquema e só então advém a
assimilação. Sendo assim, a acomodação não é definida pelo objeto e sim pela celeridade
do sujeito sobre este, na tentativa de assimilá-lo. O balanço entre assimilação
e acomodação é chamado de adaptação.
·
Equilibração: É o método da passagem de uma
situação de menor equilíbrio para uma de maior equilíbrio. Uma manancial de
desequilíbrio ocorre quando se acredita que uma situação ocorra de determinada
maneira, e esta não sucede.
3.
A aprendizagem segundo Piaget e o papel das ações humanas em sua teoria
Considerando que a teoria de Piaget não é uma teoria de
aprendizagem, ou seja, ela é uma teoria de desenvolvimento mental, ele prefere
falar em aumento do conhecimento. Dessa forma podemos perceber que só há
aprendizagem quando o esquema de assimilação sofre acomodação.
4.
As implicações da teoria de Piaget para o ensino de
física.
Para Piaget, a criança
constrói diagramas de assimilação com os quais atinge a realidade, no entanto
esses esquemas vão evoluindo a medida que a criança se desenvolve mentalmente.
Por outro lado, só há aprendizagem quando há acomodação, quer dizer, é preciso
que haja uma reestruturação de estrutura cognitiva que resultem em novos
esquemas de assimilação.
A mente humana, acercar-se
a funcionar em equilíbrio, ampliando permanentemente seu grau de organização
interna e de adaptação ao meio. Todavia, quando este equilíbrio é rompido por
experiências não assimilativas, a mente se reestrutura a fim de construir novos
esquemas de assimilação e atingir novo equilíbrio. Para Piaget esse processo
que ele chama de equilibração majorante
é o fator principal no desenvolvimento mental da criança. É importante que o
professor relacione esquemas de assimilação espontâneos do aluno com esquemas
de assimilação que ele queira ensinar com o mínimo de desequilíbrio.
Para o ensino são
importantes três aspectos:
· Os esquemas de
assimilação do aluno.
· Os esquemas que se quer
ensinar.
· Os esquemas do
professor.
Um professor, logo, não pode unicamente usar seus esquemas de
assimilação e ignorar o dos alunos. Se a assimilação de um novo tópico requer
um bom desequilíbrio, passos intermediários devem ser introduzidos para reduzir
esse desequilíbrio.
Outra implicação respeitável
da teoria de Piaget é de que o ensino deve ser acompanhado de ações e demonstrações
e sempre que possível o aluno deve ter a oportunidade de agir, fazer um
trabalho prático. O professor deve deixar de ser um conferencista e estimular a
pesquisa e o esforço, ao invés de se satisfazer com a transmissão de soluções já
prontas para o alunos. Neste sentido, basta analisar quantos séculos que foram
necessário para os pesquisadores alcançassem determinadas informações a
respeito de um tema, é portanto absurdo acreditar que o estudantes chegarão as
mesmas conclusões em um ano letivo.
Por fim, para Piaget as supostas aptidões
diferenciadas dos bons alunos em Física/Matemática está relacionada a sua
capacidade de adaptação ao tipo de ensino que lhe e dado. Os maus alunos nessas
matérias, que porém, são bem sucedidos em outras estão na realidade perfeitamente
aptos a dominar os assunto que parecem não compreender, contanto que lhe
cheguem por outros caminhos.
São as lições
oferecidas que lhes escapam a compreensão e
não a matéria. O insucesso escolar em uma determinada matéria transcorre,
então, da rápida estrutura qualitativa
dos problemas que provoca um desequilíbrio tão grande que para muitos alunos não
leva a equilibração majorante.
Convém, então, trabalhar com esquemas diferenciados para a alcançar a maior
parte dos alunos.
- Fontes:
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO SEGUNDOPIAGET. Acesso em Out/2014
Pressupostos Epistemológicos para pesquisaem ensino de ciências. Acesso em Out/2014
Teoria de Piaget. Acesso em Out/2014.
MOREIRA, MARCO A., (1942). Teorias da
aprendizagem